O presidente Lula afirmou que o Partido dos Trabalhadores tem autonomia e não deveria “pedir permissão” para se manifestar sobre as eleições na Venezuela. O partido reconheceu a vitória de Nicolás Maduro, anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral, e afirmou que ocorreu “uma jornada pacífica, democrática e soberana”.
O governo brasileiro, por sua vez, ainda não certificou o triunfo do presidente venezuelano sobre o opositor Edmundo González.
“Acho que o PT fez o que tinha que fazer. O PT não precisa pedir ao governo que faça coisas. É um partido que tem autonomia e, embora seja meu partido, não precisa me pedir licença”, declarou Lula ao TV Centro Américaafiliado de TV Globo em Mato Grosso. “No momento em que foi apresentada a ata e se confirma que a ata é verdadeira, todos temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral na Venezuela.”
Lula enfatizou que o documento do PT “reconhece e elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas que ocorreram” e, ao mesmo tempo, reforça que a CNE “já reconheceu Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não”.
Na madrugada desta segunda-feira, 29, o Conselho Nacional Eleitoral informou que Maduro obteve 51,2% dos votos na corrida presidencial, contra 44,2% de González. A oposição, porém, não aceitou o resultado e incentivou imediatamente uma mobilização contra o governo.
“Então, há um processo. Não tem nada de grave, não tem nada de assustador”, minimizou Lula. “Vejo a imprensa brasileira tratando isso como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não há nada de anormal. Houve uma eleição. Teve uma pessoa que disse que tinha 51%, tem outra pessoa que tinha 40 e poucos por cento. Um concorda, o outro não, vai a tribunal e o tribunal faz.”
Segundo o presidente, só a apresentação da ata de votação poderá possibilitar o encerramento da disputa, mesmo que o caso chegue à Justiça. “Se a ata contiver dúvidas entre a oposição e a situação, a oposição interpõe recurso e vai aguardar que os tribunais tomem conta do processo. E então haverá uma decisão que teremos que aceitar.”
Lula defendeu finalmente o fim da “interferência externa em outros países”, em referência às sanções aplicadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia contra a Venezuela.
A publicação dos anais eleitorais também esteve no centro de um telefonema entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na tarde desta terça-feira.
“Os dois líderes concordaram na necessidade de as autoridades eleitorais venezuelanas divulgarem imediatamente informações eleitorais completas, transparentes e detalhadas de cada centro de votação”, afirmou a Casa Branca num comunicado.