A Polícia Federal concluiu que houve desvio de dinheiro público na gestão de creches municipais pela prefeitura de São Paulo, com base na investigação do chamado ‘máfia da creche‘. A corporação indiciou 111 pessoas suspeitas de participar do esquema e decidiu continuar investigando o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Apesar dos indiciamentos da PF, eventuais denúncias devem partir do Ministério Público. Nunes não está na lista de indiciados.
“Está concretamente demonstrada a existência de um esquema criminoso complexo, formado por escritórios de contabilidade, Organizações da Sociedade Civil e empresas fornecedoras (‘noteiras’), atuando de forma coordenada para desviar recursos públicos”, diz trecho do relatório da PF, assinado pelo delegado Adalto Machado.
A conclusão é que houve fraude nas demonstrações financeiras em favor de pessoas ligadas às instituições, além de superfaturamento por parte de fornecedores ligados a creches.
A PF também determinou a continuidade das investigações sobre o suposto envolvimento de Ricardo Nunes, no período em que foi vereador em São Paulo.
A suspeita é que o emedebista tenha recebido repasses ilegais por meio de empresa “cartório” responsável pela prestação de contas de entidades que possuem convênios com a prefeitura para administração de creches. Entre elas está a organização social Associação Amigo da Criança e do Adolescente, Acria, que era presidida por um ex-funcionário da Nikkey Serviços Ltda., empresa ligada à família Nunes.
Segundo a investigação, entre 2018 e 2020, a Acria realizou compras e contratou serviços no valor de 2,5 milhões de reais de uma empresa chamada Francisca Jacquline Oliveira Braz Eireli. Esta empresa, porém, devolveu 1,3 milhão de reais à Acria, em transações que são objeto de investigação.
A empresa de Francisca também fez uma transferência de 20 mil reais para a conta de Nikkey e Nunes depositou dois cheques da firma em sua própria conta, totalizando 11,6 mil reais, segundo a PF.
“Essa relação entre o então vereador Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo, e uma das principais empresas envolvidas no esquema criminoso de desvio de recursos públicos no município de São Paulo, Francisca Jacqueline Oliveira Braz Eireli, que movimentava o valor de R$ 162.965.770,02 durante o período de afastamento bancário, bem como a OSC Acria – Associação Amigo da Criança e do Adolescente”, diz trecho do documento.
CartaCapital entrou em contato com o escritório de Ricardo Nunes e atualizará este artigo quando receber resposta.